Diferente do que muitos pensam a mulher nórdica da era viking não tinha os mesmos direitos dos homens. E por mais que elas tivessem uma posição privilegiada, se comparadas a outras mulheres da Europa na mesma época, elas não eram guerreiras e damas de escudo como as séries de tv nos últimos anos vêm mostrando.
A mulher nórdica na era viking era dona de casa, cuidava da família, da fazenda e tinha até certo poder na ausência de seu marido. Quando os homens viajavam para as excursões “vikings” elas eram as responsáveis por áreas que eram responsabilidade dos homens. E apesar de estarem ligadas intimamente a agricultura, as mulheres nessa época também podiam ser sacerdotisas, artesãs e até guerreiras.
Mas não era toda a mulher nórdica da era viking guerreira. Muitas se expressavam através de esculturas, jóias, tapeçarias. Elas desempenhavam um papel de dona de casa, que não pode ser menosprezado.
As mulheres nas sagas da Era Viking
Nas sagas encontramos mulheres fortes e independentes, muitas das quais são descritas como intransigentes. Mas também vemos mulheres que eram como em outras sociedades, criadas para um casamento que muitas vezes vinha como um acordo politico ou econômico.
As guerreiras e damas de escudos que vemos nas séries de tv, são uma minoria. E há quem diga que nem existiram. Uma dessas mulheres é Frøydis, filha de Erick, o vermelho. As sagas contam que ela era uma guerreira destemida. Frøydis aparece nas expedições para Vinnland duas vezes.
Outro personagem que sempre me perguntam é Laguertha, mas como explico em um post detalhado no instagram, provavelmente as histórias sobre ela sejam uma junção de histórias sobre várias mulheres.
E caso ainda não tenham ouvido falar sobre a guerreira viking que virou documentário do National Geographic, claro que também explico sobre ela. O crânio reconstituído, mostra como a provável guerreira seria. E apesar das pesquisas sobre o crânio e a participação das mulheres na guerra ainda estarem em andamento, podemos imaginar como seriam essas guerreiras. Mas com cautela, porque elas não eram essas mulheres com calças de couro que vemos na tv.
Mulheres da era viking nas pedras rúnicas:
Existem evidências de pedras rúnicas erigidas por mulheres, mas essas mulheres também eram minoria. Em um total de 220 pedras rúnicas na Dinamarca, apenas 23 são de mulheres e 11 para mulheres.
Enquanto homens são elogiados por seu poder e força, mulheres são elogiadas por suas habilidades domésticas e outras atividades tradicionais a mulher da época.
Alguns exemplos sobre como as mulheres aparecem nas pedras rúnicas:
Em Dynnasteinen, Gunnvor fez sua filha Astrid escrever: “Gunnvor, Thrydriksdatter, fez uma ponte em memória de sua filha Astrid. Ela era a garota mais talentosa de Hadeland.”
Em outra pedra rúnica, Odinisa recebe estas palavras de lembrança de seu marido: “Nenhuma dona de casa melhor virá a Hassmyra para cuidar da fazenda”
Ramsundberget runestein diz que: “Sigrid fez esta ponte, a mãe de Alrik filha de Orm, para a alma do pai de Holmgers Sigröd seu marido.”
Pedra Rúnica em Rimsø, conta que: Thore, irmão de Enride, erigiu esta pedra em homenagem a sua mãe. A morte de uma mãe é a pior coisa que pode acontecer a um filho.
A legislação e a literatura na Era Viking
Já existiam leis muito antes da Era Viking. Uma espécie de parlamento que concedia as mulheres alguns direitos que desapareceram com o tempo. No entanto, ainda assim as mulheres nórdicas da era viking não tinham os mesmos direitos dos homens.
– Um rei poderia ser aceito como súdito real, mesmo que fossem apenas ancestrais reais do lado das mães.
– As mulheres podiam herdar terras de seus filhos que morreram sem descendentes.
– Uma mulher também pode herdar terras de seus pais, mesmo que ela tenha apenas metade do valor que seus irmãos receberiam. Provavelmente porque a mulher também receberia um dote de seus pais.
– O marido ao casar deveria dar a mulher, a mesma quantia que ela recebeu do seu pai. A soma dessas valores seria de propriedade da mulher em caso de divórcio.
– As mulheres poderiam se divorciar em alguns casos;
O Rei Harald Hårfagre (Cabelo belo) deu à lei, a punição mais severa em caso de estupro. E também proibiu a prostituição, preservando assim a honra das mulheres.
A mulher na mitologia e religião
A mitologia nórdica traz relatos riquíssimos sobre as mulheres. Afinal elas eram as únicas que poderiam ser sacordotisas e usar da magia.
Como *Volve|videntes, as mulheres poderiam ser responsáveis pelo sacerdócio em pé de igualdade com os homens. Também eram altamente respeitadas, pois a deusa Frøya teria ensinada a arte da feitiçaria e da adivinhação aos deuses. A magia era uma arte mais praticada por mulheres.
Descobertas arqueológicas
O material arqueológico tem mais sepulturas masculinas do que femininas. As sepulturas das mulheres podem, no entanto, ser tão grandes e tão ricamente equipadas quanto as sepulturas dos homens, mas os presentes de sepultura são diferentes.
As sepulturas femininas possuiam equipamentos destinados a atividades femininas. Ao invés de ferramentas, armas e cães de caça, as mulheres trouxeram consigo ferramentas domésticas. Foram encontrados ferramentas têxteis, jóias e cães domésticos em suas sepulturas. Lembro eles eram enterrados com objetos que necessitariam na jornada para a próxima vida.
A tumba feminina mais famosa que conhecemos na Era viking é a de Oseberg, onde foram encontradas duas mulheres. Oseberg é a embarcação da era viking mais bem preservada e está localizada na Noruega. Por causa dos bens encontrados em Oseberg, acredita-se que a sepultura era de uma mulher importante. Conto mais nesse post do instagram.
Na primeira parte da Era Viking existem tantos túmulos de mulheres quanto de homens. Mas no meio na era viking apenas uma a cada 4 sepulturas pode-se dizer com certeza que pertencia a uma mulher.
Com base nisso, parece que as mulheres no inicio da Era Viking tinham que ter um status mais alto que os homens para ter esse tipo de sepultamento. Também indica que as mulheres durante a Era Viking passaram a receber um status mais baixo do que antes. Alguns especialistas acreditam que isso se deva ao fato de mudanças de costumes. E eventualmente, em determinado momento homens receberiam cremações.
Já na ultima parte da Era Viking, com a introdução do cristianismo não houve mais o costume de enterrar pessoas com seus bens.